Uma plataforma criada por psicólogas do Rio Grande do Norte está conectando pacientes que buscam atendimentos a um preço acessível a psicólogos sociais, que atuam exatamente com essa oferta para públicos de menor condição financeira.
O Psi.ko foi criado há cerca de um mês e já se espalha por pelo menos 10 estados do Brasil. Ao todo, 65 psicólogos já se cadastraram na plataforma para oferecer o trabalho neste período.
A idealizadora do projeto é a psicóloga Gabriela V. Simabucuru, que percebeu a necessidade de um serviço como esse durante a experiência em espaços da rede de atenção psicossocial (RAPS) do SUS ao lado das equipes de saúde.
“A realidade que encontrei, a da nossa saúde pública, a gente já sabe: muitas pessoas precisando de atendimento, e do outro lado profissionais abarrotados de trabalho, esgotados, sem tempo hábil de abarcar tantas demandas como a do SUS”, explicou Gabriela.
“Assim, o atendimento individualizado a médio e longo prazo, que por vezes se faz necessário em alguns casos, ou mesmo é de desejo de alguns pacientes, acaba não tendo espaço no serviço público de saúde mental”.
A psicóloga explica que alternativa utilizada pelos profissionais nessas situações geralmente são as clínicas-escolas “ou uma listinha de papel que se passa de serviço em serviço, com nomes de psicólogos da rede privada que têm vagas para atendimento social”.
“Mas as listas ficam desatualizadas: os psicólogos preenchem horário, mudam de preço, telefone, enfim. Além disso, 10 ou 15 psicólogos rapidamente preenchem as vagas disponíveis e termina sendo uma solução temporária”, pontua.
“A partir dessa demanda, surgiu a ideia de criar uma plataforma de cadastros on-line, onde pessoas que desejam atendimento psicológico, e psicólogos que fazem esta oferta, inscrevem-se em um só lugar, diminuindo o espaço entre profissionais e a população. As listas on-line não têm tamanhos definidos, estão sempre sendo atualizadas, e crescendo junto com a demanda da população”.
A plataforma é uma iniciativa voluntária e conta com uma colaboradora, Eloah Dantas de Lima. No site, há espaços para cadastros dos psicólogos e dos pacientes. Além de dados pessoais, como nome completo, é necessário colocar os horários disponíveis para o atendimento, se serão on-line ou presenciais e qual a faixa de preço da sessão que está disposto a pagar.
“Os atendimentos sociais são aqueles a custo reduzido, pensando em abarcar pessoas que desejam iniciar um atendimento psicológico, mas dependem dos serviços públicos de saúde, ou não têm condições financeiras para pagar um atendimento privado”, explicou a a idealizadora Gabriela Simabucuru.
A ideia do site é funcionar como uma espécie de aplicativo de relacionamentos, em que há um “match”.
“A partir do cadastro, pareamos as informações, e encaminhamos os pacientes para profissionais que correspondem aos requisitos informados. Este pareamento, ou ‘match’, foi uma alternativa pensada para facilitar o sucesso do encaminhamento e assim possibilitando o início das consultas, com menos percalços para encontrar um profissional ideal”.
“Realizado o ‘match’, enviamos a ficha do paciente com algumas informações básicas via e-mail para o profissional selecionado, e aguardamos a resposta dele para saber se deu tudo certo. Caso algo não dê certo, pedimos que o psicólogo ou o paciente nos informe para que assim possamos procurar outro profissional adequado. Nosso trabalho se encerra neste momento, desse modo não interferimos nos acordos entre paciente e psicólogo, apenas no contato inicial entre os dois”, explicou.
A idealizadora conta que esperava que o projeto incialmente seria mais forte em Natal e região, onde vive, mas que rapidamente se espalhou por outros estados e que tem recebido feedback positivo de outros profissionais pela iniciativa.
“Recebemos alguns feedbacks positivos, principalmente por parte dos profissionais, que reconheceram a necessidade da existência de um serviço como o nosso”, disse.
O projeto também visa melhorar o uso da ferramenta digital e até ampliar a oferta no futuro.
“Com o aumento do fluxo de pacientes e de psicólogos, temos projeções de melhorar a ferramenta a fim de otimizar nossos encaminhamentos. Além disso, estamos encontrando caminhos para ampliar a divulgação do serviço para dispositivos da saúde pública, e quem sabe no futuro estender o serviço a outras áreas da saúde, como a médica”, pontuou Gabriela.
Fonte: G1 RN