Dois peixes-boi que estavam no Centro de Reabilitação da Fauna Marinha do Projeto Cetáceos da Costa Branca, no município de Areia Branca, foram transferidos para o Recinto de Aclimatação, localizado na praia de Diogo Lopes, em Macau.
O transporte dos animais foi realizado na madrugada do último sábado (30), em um trajeto de 120 km, e o caminhão precisou manter baixa velocidade para garantir a estabilidade e o conforto dos animais. A operação contou com apoio das Polícias Militar e Ambiental do estado, da Guarda Municipal de Areia Branca e do Corpo de Bombeiros.
Toda a ação foi realizada por equipe especializada e acompanhada presencialmente por técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Os peixes-boi foram batizados pelos veterinários de Zé e Gabriel, e medem aproximadamente 2,55 metros e pesam 310 kg e 342 kg, respectivamente. Zé (com 4 anos e 3 meses) e Gabriel (com 4 anos e 8 meses) foram encontrados encalhados e resgatados quando ainda eram neonatos e estavam em recuperação no Centro e Reabilitação da Fauna Marinha do PCCB-UERN, em Areia Branca, sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar.
Reintegração ao ambiente natural
O chamado Recinto da Aclimatação tem capacidade para até quatro animais simultaneamente, com área total de 690 m², incluindo estrutura de acesso, área de manejo e cercado dos animais, todos em madeira tratada e legalmente licenciada. A estrutura foi construída em um canal localizado na comunidade de Diogo Lopes, mediante autorizações, licenças e anuências de todos os órgãos públicos competentes, incluindo o Conselho Gestor da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT).
Os dois novos habitantes ficarão no Recinto de Aclimatação até completarem o processo de reabilitação e posterior soltura em vida livre.
“Durante a reabilitação, os animais passam por periódicas avaliações de saúde e de comportamento. E após o período de desmame (20 a 24 meses) ou alcançando as condições clínicas e físicas necessárias, os animais estão aptos para serem translocados para o recinto de aclimatação”, conta o veterinário Augusto Boaviagem.
Os dois animais permanecerão aproximadamente seis meses neste espaço, que foi projetado para que possam se adaptar ao ambiente natural antes do retorno definitivo para natureza. “Esta é uma etapa importante pois, antes de serem soltos, os animais necessitam se adaptar aos movimentos e oscilações das marés, correntes marinhas e temperatura das águas, por exemplo”, conta o biólogo Daniel Solon, gerente técnico operacional do PCCB-UERN.
Atualmente, 28 peixes-boi estão em reabilitação nas bases do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar, estruturado pela Petrobras. Desde 2009 as equipes estão trabalhando na conscientização da população local para a preservação dos peixes-boi, uma das espécies de mamíferos aquáticos com maior risco de extinção no Brasil, sendo a região da Costa Branca no Rio Grande do Norte um dos principais locais de encalhes de filhotes.
“Após a reabilitação e readaptação, esses animais serão soltos para o seu ambiente natural e, antes da soltura, recebem um número de identificação e um equipamento que permite localizá-los. Este rastreador muitas vezes chama a atenção da população e dos pescadores que, em alguns momentos, podem tentar retirá-lo do animal. Por isso, a importância do trabalho educativo com as comunidades locais para explicar a funcionalidade e importância deste rastreador, já que serve para acompanharmos a adaptação, saúde e desenvolvimento do animal”, lembra Andressa Costa, profissional Petrobras que acompanha o PMP-BP.