A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte discutiu, na tarde desta quinta-feira (17), os impactos sociais e econômicos da venda dos ativos da Petrobras no estado. A 3R Petroleum, que comprou parte dos campos maduros para exploração, explicou quais são os planos da empresa para o Rio Grande do Norte e os impactos que tem gerado para a região. Segundo o CEO, Ricardo Savini, o tempo de sofrimento para o setor está perto de acabar.
Na discussão proposta pelo deputado estadual Hermano Morais (PSB), o parlamentar convidou representantes de diversos setores para discutirem o futuro do setor de produção de petróleo e gás no Rio Grande do Norte após a saída da Petrobras, que deverá ser finalizada até o fim do primeiro trimestre de 2023. Para o deputado, a empresa chega com uma responsabilidade muito grande no estado.
“A empresa aumenta sua participação e sua responsabilidade diante de uma economia crescente, em um estado potencialmente rico, mas que precisa se recuperar a partir das condições naturais para atrair novos investimentos. Temos no Petroleo e Gás, e outras áreas de produção de energia, parte importante da economia potiguar. É importante que saibamos sobre a base de empregos afetada pela saída da Petrobras e também da participação das empresas do estado na cadeia”, disse Hermano Morais.
A 3R Petroleum tem investimentos que passaram de U$S 2,1 bilhões desde 2018, quando a empresa se preparou para assumir os ativos da Petrobras a partir do anúncio dos desinvestimentos da estatal na bacia potiguar, em 2016. A empresa já está atuando desde 2020 em Macau, com investimentos de R$ 800 milhões na compra dos direitos para exploração, e adquiriu novas áreas no fim de janeiro deste ano. A empresa possuiu 60 concessões para exploração, em contratos para nove polos, sendo cinco deles na Bacia Potiguar. A expectativa é que a transferência em definitivo ocorra até o fim do primeiro trimestre de 2023, com a 3R assumindo a operação integral do polo. A expecativa é que em até 2 anos os campos voltem a ser perfurados.
Segundo o representante da Petrobras na audiência, Paulo Marinho, que é responsável pela área de Produção na região que engloba a bacia potiguar, a empresa teve a necessidade de deixar de investir nos chamados campos maduros para focar sua tecnologia, recursos e esforços para a exploração em águas profundas e ultra profundas, principalmente no Pré-Sal. “São áreas que têm produtividade muito alta, retorno muito alto. A realização dessa produção continua vindo acima das expectativas iniciais. Estrategicamente, a companhia resolveu migrar e o Pré-sal responde por mais de 70% da produção”, disse.
Para o representante da estatal, a aquisição e operacionalização desses campos é um março na história do país e no setor. “Vamos iniciar uma fase de transição, ainda não iniciada porque aguardamos a confirmação do Cade. Destaco a integraçãoentre Petrobras e 3R, e nós (Petrobras) somos 100% responsáveis pelas operações iniciais, vamos manter o nível e esperamos que essa fase dure alguns meses e queremos que no primeiro trimestre de 2023 estejamos entregando a operação à 3R”, disse Paulo Marinho.
O CEO da 3R, Ricardo Savini, explicou quais são os planos da empresa para o Rio Grande do Norte e explicou o porquê do momento delicado pelo qual passou o setor após a decisão da saída da Petrobras do estado. Segundo ele, com a decisão de não mais focar nesses campos, não haveria sentido para a Petrobras fazer investimentos na área. “Ninguém faz uma reforma em uma casa já sabendo que vai vendê-la em seguida”, comparou. Savini explicou que o repasse desses campos é comum em outros países do mundo, com empresas de pequeno e médio porte assumindo as operações e produzindo quantidade significativa com os investimentos necessários.
“A manutenção dos campos estão bem feitas e aqui fica nosso elogio à Petrobras, que os manteve em bom estado. Nosso foco é investir, em 11 anos, R$ 7 bilhões entre revitalização de poços, reabertura de reservatórios novos em poços existintes, em perfurações e novos poços e instalações”, explicou.
Savini também falou que a produção de 2016, de aproximadamente 37 mil barris por dia nos campos que serão operacionalizados pela empresa, será retomada em breve com os investimentos que serão realizados na área. Ao todo, a 3R listou a revitalização de 616 poços, 1.099 workovers (nova perfuração em poço já existente) e 1.628 novas perfurações. Com isso, a produção diária vai subir e a expectativa é que, em 2025, sejam produzidos 50 mil barris por dia nos campos da 3R.
Empregos
Sobre as vagas criadas e aproveitamento das empresas do Rio Grande do Norte, a 3R Petroleum disse que não fará qualquer tipo de reserva de mercado para a mão de obra e de serviços potiguares, mas que acredita que por razões de logística, experiência e capacidade, as empresas potiguares já partem na frente do setor, que atualmente gera em torno de 21 mil empregos diretos e indiretos, com expectativa de criação de outras 5 mil vagas.
“O tempo do sofrimento dessas empresas está acabando. Vai voltar com uma pujança econômica muito forte”, garantiu.
Para Hermano Morais, a discussão, que contou também com a participação de membros do Poder Público e da classe trabalhadora e empresarial, conseguiu alcançar seu objetivo, que era esclarecer sobre os planos e desmistificar pontos relacionados à área.
“Achei muito produtivo o debate e vamos seguir nesse objetivo para que o Rio Grande do Norte possa vislumbrar um momento melhor em sua história”, disse o deputado.
Fonte: Assembléia Legislativa do RN