13º é salário incerto para 60 municípios do RN

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A Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (Femurn) calcula que entre 50 e 60 das 167 prefeituras do estado podem fechar 2015 sem pagar o 13º ao funcionalismo. Segundo o prefeito de Mossoró e presidente da Federação, Francisco José Silveira Júnior (PSD), a situação é gravíssima, “muito preocupante”.
Silveira Júnior disse ontem (10) que uma pesquisa da Confederação Nacional dos Municípios aponta que 43% das prefeituras brasileiras não terão como pagar o 13º ao funcionalismo.
Na pesquisa da Femurn, feita com 112 prefeitos, 31 já confirmaram que não tinham como honrar a obrigação. “A expectativa é que esse número, com a queda de 31% do FMP este ano, em relação a 2014, no primeiro decênio, vá para 50 ou 60 municípios”, destacou o presidente da Femurn.
“A gente amanhã (hoje) terá uma assembleia, às 15h, e vamos tomar as decisões em relação ao que será feito; se será parcelado”, frisou o prefeito. Segundo ele, os chefes dos executivos municipais vão discutir qual a melhor solução será tomada para definir o assunto mais importante para o funcionalismo no final do ano.
Silveira Júnior explicou que dezembro sempre foi o melhor mês para as prefeituras com relação aos recursos que recebem das transferências federais. Mas, esse ano, houve uma quebra desse histórico. “Imagine  janeiro com a situação que o país está, esse redemoinho político”.
A preocupação dos prefeitos, disse Silveira Júnior, é que em janeiro os cofres estarão  ainda mais esvaziados. No primeiro mês de 2016 as prefeituras terão de aplicar o reajuste de 10% o piso nacional do magistério.  “A gente não está conseguindo pagar hoje os servidores, imagine no próximo mês”, questiona.
“A situação é muito preocupante, alarmante, muito grave. Mais de mil municípios (no Brasil) já atrasaram a folha de pagamento. É gravíssimo”, constata o prefeito diante da escassez de recursos provocada pela queda nas transferências federais para as prefeituras.
O dever de casa, explica Silveira, os prefeitos fizeram. “O que tinha que fazer, já fizemos: cortamos salários, cortamos cargos comissionados, diminuímos terceirizados, reduzimos expediente, colocamos expedientes corridos para gastar menos combustível, menos material. E não temos mais de onde tirar”, complementa.
O problema, comenta o prefeito, não são só os salários. Mas também os fornecedores que não estão recebendo seus pagamentos, a falta de remédios e a falta de pagamento de médicos nas unidades básicas de saúde. “São vários problemas. Não só de salários, mas também de custeio. É algo que a gente não está vendo uma luz no fim do túnel porque para os municípios se recuperarem o Brasil tem que se recuperar”.
Na TV da Femurn, o presidente da entidade destaca que além da queda do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), os prefeitos das regiões produtoras de petróleo também sofrem com a queda dos royalties e Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Os municípios recebem R$ 0,30 por aluno para oferecer merenda de qualidade; recebem R$ 10 mil para bancar uma equipe do PSF (Programa de Saúde da Família) que custa mais de R$ 30 mil. “Não podemos mais aceitar que o governo federal continue repassando a menor fatia da arrecadação justamente para os municípios”, disse Silveira Júnior.
Queda do FPM
Responsável por 90% das receitas dos municípios do Rio Grande do Norte, a primeira cota do decênio do FPM de dezembro, depositada ontem nas contas das prefeituras, veio com uma redução de 30%.
A cota será de R$ 2,61 bilhões. No mesmo período de 2014, o decêndio foi de R$ 3,794 bilhões. Em termos reais, o valor apresenta tem uma queda de 31%,5. Neste mês, os municípios recebem uma cota adicional de 1%, no entanto, o acréscimo não resolve os problemas financeiros das prefeituras que enfrentam o pior ano em arrecadação.
O total dos repasses ainda é insuficiente para solucionar a crise econômica das cidades, segundo Silveira Júnior. Durante este ano, explica,  foram registradas baixas na arrecadação em quase todos os meses.
“Passamos o ano inteiro sofrendo com sucessivas reduções nos recursos. Quase todas as prefeituras cortaram despesas para melhorar o quadro financeiro, no entanto, chegamos a um ponto crítico, em que, honrar com os compromissos está complicado para algumas prefeituras”.
Silveira Júnior ressalta que a cota adicional de 1%, que deverá ser recebida pelas prefeituras neste mês, já está comprometida para o pagamento dos fornecedores das prefeituras. O valor extra repassado aos municípios, analisa, será suficiente apenas para pagar os fornecedores das prefeituras. Com as sucessivas quedas nos repasses, as prefeituras deram prioridade às folhas de pagamentos dos funcionários e manutenção de outros serviços para a população. Dessa maneira, o 1% extra deve cobrir somente os gastos com os fornecedores.
REELEIÇÃO DEPENDE DE ROBINSON
O prefeito de Mossoró, Silveira Júnior (PSD) quebrou ontem (10) o silêncio que vinha mantendo junto à imprensa sobre as eleições de 2016. Prefeito do segundo maior colégio eleitoral do Rio Grande do Norte, ele praticamente disse que sua reeleição depende do governador Robinson Faria.
“Olha, a gente ainda vai decidir isso. Eu vou conversar com o governador (Robinson Faria)”, respondeu o prefeito de Mossoró à pergunta de vai ser candidato à reeleição em 2016. Segundo ele, o país vive um cenário político delicado para os gestores por causa da crise.
“Onde existe crise não existe dinheiro para investimento”, ponderou o prefeito. Ele disse que neste momento está muito concentrado na administração. “Em quatro anos já é difícil se impor uma gestão, você imagine eu que peguei um ano depois e com a maior crise da história desse país. E com duas eleições, então, é algo que não deu para mostrar o que nós queríamos”, revela sobre as dificuldades em um ano e sete meses de gestão.
Silveira Júnior foi eleito prefeito de Mossoró em uma eleição suplementar dia 4 de maio de 2014, depois do afastamento da prefeita Cláudia Regina (DEM), acusa de crimes eleitorais.
Rosalba
Um dia depois de o NOVO publicar uma matéria com a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), na edição de ontem (10), Silveira Júnior que a exemplo da ex-chefe do executivo estadual não falava com a imprensa sobre política, também voltou a falar a respeito do assunto.
“Olha, a ex-governadora Rosalba foi prefeita, tem sua força política, é inegável. Na época que foi prefeita, foi uma boa prefeita”, destaca o prefeito de Mossoró. Rosalba foi prefeita de Mossoró por três mandatos (1989/1992, 1997/2000, 2011/2004).
Nos períodos em que Rosalba foi prefeita, comparou Silveira Júnior, o município tinha vários recursos. “Tinha uma riqueza muito grande”, comenta. Segundo ele, quando Rosalba foi governadora do Estado, não conseguiu fazer uma gestão boa no RN como fez em Mossoró como prefeita por falta de recursos. “Se ela encontrar a prefeitura (de Mossoró) é praticamente, senão pior, de que quanto ela foi governadora”, compara.
As pesquisas divulgadas em Mossoró, apontam favoritismo de Rosalba mas Silveira Júnior diz que não há favoritismo no momento. “Pelas pesquisas pré-eleitorais que estão divulgando, o máximo que chegou um candidato foi a 22%. Se em outras épocas, existiu candidato que tinha 80% e perdeu a eleição, imagine uma candidata que não passa dos 24%”.
Candidato preferencial do governador, que tem anunciado apoio irrestrito à reeleição do amigo de Mossoró, Silveira Júnior ressalta: “Sou amigo pessoal do governador. Estou com ele há mais de vinte anos, sou do partido (PSD) dele. Tivemos um importante papel na vitória do governador, e o governador sabe reconhecer”, sublinha.
O prefeito disse ainda que Robinson Faria “sabe a importância” que Mossoró tem como segundo maior colégio eleitoral do Estado e cidade polo para uma eleição.
Fonte: Portal novojornal.jor.br