A história da antiga estação ferroviária de Macau, no Rio Grande do Norte, remonta ao início do século XX, com a construção da Estrada de Ferro Sampaio Correia. Em 1906, a linha foi aberta até a estação de Itapassaroca, sendo posteriormente estendida para várias localidades ao longo dos anos seguintes: Taipu (1907), Baixa Verde (1910), Pedra Preta (1913) e Lages (1918). Lages se tornou um ponto crucial, de onde partia a linha que ligava Lages a Macau e ao ramal para Jucurutu e Oscar Nelson, inaugurado em 1949.
No auge de sua operação, a linha ferroviária desempenhou um papel vital no transporte de pessoas e mercadorias. No entanto, em 1982, os trens de passageiros deixaram de circular e, na década de 1990, os cargueiros também foram desativados. Os únicos trens que continuaram a operar foram os suburbanos para Extremoz, que hoje são administrados pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e chegam apenas até Ceará-Mirim, a 39 km de Natal. O restante da linha foi abandonado, deixando apenas lembranças do seu passado próspero.
A Estação de Macau
Inaugurada em 1962, a estação de Macau marcou o prolongamento do trecho entre Afonso Bezerra e Macau, tornando-se a ponta de linha do ramal que levava seu nome. Localizada em uma região mais isolada do município, a estação foi construída nos limites da então zona urbana, possivelmente próxima ao porto, onde ramais facilitariam o acesso às atividades portuárias.
Até setembro de 1979, ainda eram relatados trens circulando entre Natal e Macau. No entanto, esses serviços foram encerrados em outubro de 1982, deixando a estação gradualmente em desuso.
Transformação e Preservação
Em 2005, a antiga estação de Macau chamou a atenção da imprensa local. Anunciou-se que o prédio abandonado seria transformado em um centro cultural, uma iniciativa liderada pelo secretário municipal João Eudes. O projeto visava criar a primeira livraria da cidade, além de incluir equipamentos para reprodução xerográfica, acesso à internet, café concerto, saraus e recitais. Localizada próxima ao conjunto Arnóbio Abreu, no bairro Porto de São Pedro, a estação, que estava com suas estruturas corroídas, seria revitalizada para servir à comunidade. Na época, a falta de uma livraria ou editora em um município com mais de 3 mil alunos e 800 professores nas redes de ensino, além de um número significativo de escritores reconhecidos no estado, era um ponto surpreendente.
Mesmo desativada e fechada em janeiro de 2012, a estação ainda conservava seus trilhos. Em 2020, a estação foi reformada e passou a pertencer à prefeitura de Macau, tornando-se um símbolo de resistência e renovação.
A antiga estação ferroviária de Macau não é apenas uma lembrança do passado glorioso das ferrovias no Rio Grande do Norte, mas também um exemplo de como a história e a cultura local podem ser preservadas e transformadas. Ao longo das décadas, a estação testemunhou o auge e o declínio dos transportes ferroviários.
Fonte: Estações Ferroviárias do Brasil