“Apenas dois desses projetos teriam o dobro da capacidade de produção que o estado todo tem hoje, com a produção em terra, ou seja, 10 GW”, afirmou. Apesar disso, ele afirmou não pode revelar as empresas interessadas.
Segundo ele, a expectativa do estado era de que a produção no mar começasse a se tornar realidade em 10 anos, mas diante do interesse cada vez maior, a estimativa é de que isso possa ocorrer entre 2027 e 2028.
“Pode parecer longe, mas quando se fala da criação da infraestrutura, já estamos em uma corrida contra o tempo”, afirma. “Temos as melhores condições climáticas e geográficas para isso”, defende.
O estado prepara a produção de um “atlas” dos ventos e do sol – para que empresas interessadas possam consultar a capacidade de produção de energética em tempo real – e também começou estudos sobre a viabilidade de um porto-indústria no alto-mar.
Uma das funções do porto-indústria seria justamente a produção peças para a construção das usinas que seriam instaladas no mar.
Para Hugo Fonseca, um dos entraves para o novo setor é a falta de regulação sobre o assunto no país, visto que a produção no mar se daria em uma área que pertence à União.
Um projeto de lei apresentado em fevereiro pelo senador Jean Paul Prates (PT), do Rio Grande do Norte, prevê a criação do marco regulatório para a exploração de energia na costa brasileira, seja eólica, solar ou das marés. O PL 576/2021 ainda aguarda tramitação.
“Esse projeto era o tijolinho que estava faltando para autorizar a instalação de projetos de geração de energia no mar que hoje já estão em desenvolvimento no país”, disse o senador após a entrega do texto.
O primeiro leilão de energia com venda regulada de energia eólica aconteceu em 2009. Desde então, o Rio Grande do Norte despontou como um dos estados pioneiros na produção da energia gerada pelo vento.
A chegada da nova fonte de energia também se tornou fonte de renda para muitas famílias e mudou o cenário de pequenas cidades no interior do estado.
Na região Central, a pequena Bodó tem cerca de 2,2 mil habitantes e registrou um Produto Interno Bruto per capita consolidado de R$ 142,8 mil em 2018, segundo o IBGE – o maior do estado. Em 2010, o PIB per capita era de pouco mais de R$ 6 mil.
Na capital, Natal, por exemplo, o PIB per capita consolidado de 2018 era de R$ 27,1 mil.
Além de renda direta e indireta, o estado também passou a preparar mão de obra qualificada. De acordo com coordenador de energias renováveis da Sedec, a cada dez trabalhadores do setor no país, um foi capacitado no estado. Instituições como o IFRN têm cursos específicos para a área.
“Somente em 2020, o estado captou cerca de R$ 7 bilhões em investimentos para os próximos anos”, afirmou.
Mesmo que a maior parte da mão de obra seja contratada para a construção do parque, ele considera que os municípios continuam a ganhar dinheiro, com a manutenção de equipes para operar os parques, além de centros e indústrias montados pelas empresas no interior do estado, que também movimentam uma cadeia de serviços.
O estado também estuda projetos para ampliar linhas de transmissão de energia, que já foram um gargalo para o setor no Rio Grande do Norte. É por meio dessas estruturas que a energia produzida entra no sistema nacional de energia.
“Nós estamos montado um projeto de estado, para continuar esse desenvolvimento nas próximas décadas”, diz.