Pequenos produtores do Rio Grande do Norte estão retomando plantações de cafés que estavam paralisadas há décadas, de olho no aumento do interesse do mercado de cafés especiais e gourmets. São filhos e netos de volta à cultura que já foi dos seus antepassados.
O processo recebe incentivo de entidades como o Sebrae, que vem trabalhando no fomento da cafeicultura no estado. Segundo a instituição, pelo menos 16 propriedades potiguares são atendidas e já produzem variedades do grão, em municípios como Jaçanã, Cerro Corá, Portalegre e Martins. Em média, elas contam com dois hectares de café.
Esta sexta-feira (24) é o Dia Nacional do Café, uma das bebidas mais apreciadas pelo brasileiro. Segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), o consumo nacional em 2023 foi equivalente a 5,12 kg de café torrado por habitante – o maior volume desde o início da série histórica em 1985.
As produções potiguares se concentram principalmente em regiões de clima mais ameno, como as serras. É o caso da fazenda da família de Diogo Castro, que tem uma relação antiga com a bebida. O produtor retomou a plantação de café depois de quase 30 anos.
Na década de 1950, o avô de Diogo, Firmino Gomes de Castro, tinha uma indústria de torrefação de café, aberta primeiro em Natal e depois transferida para Parnamirim, na região metropolitana da capital.
O empresário comprou uma propriedade rural em Jaçanã em 1978 e também passou a plantar café na década de 1980. Mesmo após a morte dele, a produção seguiu até meados da década de 1990.
Porém, com o fechamento da indústria e a dificuldade de escoar a pequena produção, a família abandonou a cafeicultura aos poucos.
“Na divisão da herança, meu pai ficou com essa propriedade. Na verdade, ela estava dando despesa. Eu e minha irmã dizíamos para ele vender. Mas em 2020, com a pandemia, a gente veio se refugiar aqui e havia 2 mil pés de café remanescentes, plantados pelo meu avô. Havia um sonho de retomar a atividade. A gente começou a brincar de produzir café, restaurar a mini torrefação. Então eu olhei para meu pai e disse que queria encarar essa lida”, lembra o produtor.
Atualmente a fazenda conta com 15 mil pés de café, espalhados por 3,5 hectares, e os proprietários querem expandir a plantação para mais dois hectares. A expectativa é que a safra comece no meio do ano, quando a fazenda também vai abrir oficialmente para visitas, aproveitando o interesse turístico relacionado à bebida. A experiência deverá ocorrer das mudas da planta e até a chegada da bebida à xícara.
Fonte: G1 RN